terça-feira, 23 de março de 2010

Ai coitadinhos dos meninos...

Esta história dos Professores vs. Alunos vs. Pais dos Alunos, faz-me muita confusão. Agora, depois de muitas peripécias, esticões, estalada, pontapé, insultos, facada, tiros, etc, eis que a coisa chega a um nível realmente preocupante, com os recentes suicídios de um aluno com 12 anos e de um professor com 51, alegadamente, devido a situações stressantes causadas na escola.

Vem agora o governo propôr uma lei especial para defender os professores da violência dos alunos...a agressão física aos professores passa a constituir Crime Público. ?????

Mas, então, não era já um Crime Público dar um enxerto de porrada a um professor? E dar um enxerto de porrada a um Ministro ou Deputado, não é Crime Público? E dar um enxerto de porrada a um aluno, não é Crime Público? Será isto para "assustar" os alunos que dão porrada nos professores? Acharão que este tipo de "coitadinhos" se assusta com esse tipo de "balelas"? E porque não gritam bem alto que também é Crime Público dar porrada nos colegas? É só nos professores? Então, entre eles (alunos) podem matar-se à vontade?

Eu devo mesmo estar a viver entre adiantados mentais, pois já não percebo nada disto...

Começo a ficar mesmo farto desta corja de iconoclastas que, com medo de perder votos, não tem nem testículos nem ovários para tomar medidas drásticas, deixando que se destrua completamente o padrão de comportamento entre alunos e professores que funcionava naturalmente, sem ser necessário o recurso a "Leis de Protecção das Espécies".

Sem querer bater na já velha tecla (uma tecla que já mete Dó) do velhinho com voz de falsete e dedo no ar, dizendo: "no meu tempo..."
Dizia eu, sem querer bater nessa tecla, relembro o método utilizado antigamente para os alunos mal-comportados...

Se um aluno se portava mal numa aula, era enviado automaticamente para a rua. Deixava de perturbar a aula, o professor/a e restantes alunos. Isso, promovia-o a uma classe especial, a dos gajos com tomates, o que o transformava em herói perante alguns colegas. Alguns até se sentiam tentados a seguir-lhe os passos.
Na aula seguinte, o nosso herói voltava a portar-se mal e ia novamente para a rua, desta vez, com Falta Disciplinar. Para os seus "seguidores", instalava-se agora uma dúvida, pois com 3 Faltas Disciplinares chumbava-se o ano. Em algumas escolas podia mesmo ser-se expulso. Aí, começava o problema com os pais...

Se o aluno se recusasse a sair da aula, (o que é recorrente, actualmente) a coisa era simples, chamavam a polícia que o levava a passar umas horitas na esquadra, até ir lá o encarregado de educação buscar o INDIGENTE que, a seguir, ouvia das boas.
Claro que se isto se passasse nos dias de hoje, de indigente passaria automaticamente "inocente criatura vítima da sociedade", selvaticamente agredido pelas forças da Autoridade, cujo responsável responderia a processo interno. Claro que o professor/a que pediu para chamarem a polícia, responderia igualmente a um processo interno que o/a deixaria em maus lençois.

Conheci alguns destes "Heróis" que, poucos anos depois, pelas 8 da manhã, já tinham o fato de macaco azul todo sujo de óleo. Quando encontrava um destes "Heróis", era normal ele dizer-me que tinham sido bons tempos, os do liceu.

Não era preciso utilizar muita "psicologia" com alunos mal-comportados, pois chumbavam o ano com mais de 3 faltas disciplinares. Por vezes, depois, levavam uns tabefes dos pais, que tinham andado durante o ano a fazer sacrifícios para poderem manter os filhos a estudar. Havia alguns pais que apenas os castigavam, pondo-os, por exemplo, a trabalhar na apanha da fruta ou numa oficina de automóveis durante o verão. Muitos deles, depois de sentirem na pele o que era trabalhar no duro, voltavam ao liceu no novo ano escolar, com redobrada vontade de aprender e passavam a portar-se lindamente.

Hoje, isto seria impossível, pois um puto a trabalhar numa oficina ou a apanhar fruta é considerado trabalho infantil e dava merda para o dono da oficina ou do pomar.
Se o puto só faz merda na escola e um gajo lhe dá uns tabefes em casa e o sacaninha resolve ir queixar-se à polícia, é violência doméstica, dá merda em casa.
Se o professor anda sempre em cima do puto porque só faz merda e o puto recebe 6 negativas, o puto queixa-se ao pai, diz que o professor embirra com ele porque mora no bairro social e não no bairro dos ricos, o pai resolve ir tratar das coisas à sua maneira e ameaça com uma naifa de ponta-e-mola, o professor que é um "copinho de leite" que nem sequer foi à tropa por sofrer de asma.

Claro que há alunos com 12 anos e professores com 51 a suicidarem-se mas, estamos a conseguir subir...aos olhos da Europa... (só não consigo entender para onde estamos a subir, descendo a escada degrau a degrau!)

Deixem esta coisa prosseguir calmamente o seu caminho e vai haver estalada, ah isso, vai acabar por haver mas, a um nível muito pior, com mortos e feridos....

9 comentários:

  1. Podia ser uma página paralela à do Alberto Gonçalves, na SÁBADO!

    PERFEITO, Nãnã !!!

    Um abraço.

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  2. É que, como evoluímos como o caraças, se os meninos são postos fora da escola, a malta fica sem saber o que lhes fazer!
    O ministério, que por cá teima em continuar a ser da educação e não do ensino, como a sua lei de base prevê escolaridade obrigatória fica com um problema nas mãos. Os pais, que passaram a vida do puto ou da menina, ocupados com tudo menos conhecer o dito cujo, ficam com o problema de lidar com aquela pessoa estranha que lá está em casa, sem ser a horas de comer a olhar para a TV, ou de dormir a navegar na internet. Os professores, bom desses nada direi atendendo aos meus antecedentes!
    No fim é um problema. O que fazer ao indigente?
    A malta não sabe, não faz.

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  3. E não esqueçamos que o tal indigente vai ter filhos e que se tudo correr pelo melhor um deles até poderá vir a ser professor. Ou padre. Ou juíz. Ou primeiro ministro!

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  4. Ó Almanaque, eu li noutro dia em qq sítio que o bisavô do António Costa (Ex-Ministro e actual Presidente da Camara de Lisboa) foi o assassino do Rei D. Carlos e do Principe Luis Filipe. Alfredo Costa e Manuel Buiça foram os operacionais da Carbonária Portuguesa que dispararam sobre o D. Carlos e o D. Luis. Será que essa tua profecia da descendencia do indigente não é já uma coisa antiga?

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  5. Nana, achei o seu blog por acaso, apenas ontem, apesar de acompanhar seus posts no fórum do Brasil, e admirar seu trabalho a algum tempo. Mas ao ler este post, não pude deixar de comentar...Você tem certeza que não está a falar do Brasil?? Fiquei extremamente espantado, pois a situação descrita é exatamente igual aqui no Brasil! Houve uma total inversão de valores onde o justo passa a ser o pecador. O respeito, a cordialidade, a humildade são valores que passaram a ser menosprezados por essa nossa sociedade, que em breve serão os nossos políticos, médicos e professores.
    Achei que era um privilégio de terceiro mundo, mas pelo visto esse vírus já se espalhou pelo mundo!

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  6. Por acaso, ou não por acaso, um amigo que não sei se é comum (FGP!?)enviou-me a indicação deste seu blogue que eu muito gostei e passei a seguir. Comungo com os seus pontos de vista há muito tempo e o interessante também é que vivendo eu há 2 anos no Brasil e me vou interessando pelos problemas da Sociedade, concordo com o Leandro de Oliveira, aqui os problemas são idênticos. Não descarto as minha preocupações por Portugal, onde tenho casa e filhos professores, eles também preocupados como professores empenhados que são. Esta questão da educação dos alunos, passa pelos professores, pelos pais, por nós, pela Sociedade em geral, mas quando temos políticos frouxos (atrevidos que se guindaram democraticamente ao poder) a quem convém a iliteracia, a coisa vai muito mal e de mal a pior. Mas o que fazer? Barafustar? Deixar andar? Lamentar-mo-nos? Como e quando dar o "grito de ipiranga"? fique bem, gostei, obrigado e.... não de cale !!

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  7. ... E aqui no Brasil não é muito diferente daí,mesmo !

    E no final do ano letivo,ainda ficam pressionando os professores para não usarem de muita pressão, os alunos " precisam" passar de ano , o "Estado" precisa de números para alardear " avanço na "Educação" ... Na mídia, só aparece coisa boa, bonita...

    Mas a realidade na sala de aula é bem diferente dos gabinetes da "Educação", que fazem (ou tentam) tudo da maneira que for melhor para seus bolsos e não estão nem aí para o que de fato interessa. quanto menos consciência houver de direitos,sociedade etc,melhor para quem estiver no Poder...


    Um abraço, beijinho à Vera

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