sábado, 27 de fevereiro de 2010

O Céu e o Inferno

Mesmo depois de ter conhecido o Céu DIGITAL, continuo a preferir o Inferno ANALÓGICO.
Talvez eu mereça isso, pois muitos de meus amigos brasileiros me acusam de ser um CHAPA um pouco NEGATIVO.
Há muito que eu me REVELEI como um tipo que AMPLIA os problemas, contudo também há muito tempo que tenho uma FIXAÇÃO pela TRANSPARENCIA. Gosto de ver tudo PRETO no BRANCO.
Apesar de não ser dotado de extrema SENSIBILIDADE, gosto de me FOCAR na vida de uma maneira OBJECTIVA, mesmo que, para tal, necessite de observar as coisas através da LUPA ou mesmo utilizar um FILTRO.
A minha vida tem sido recheada de LUZ e SOMBRA, com períodos altamente CONTRASTADOS.
Sempre tentei PROCESSAR todos os problemas que se me depararam com ABERTURA e sempre tentei resolvê-los com a maior VELOCIDADE possível, por mais DIFUSOS que parecessem.
Essa postura, tem sido o MOTOR que frequentemente me tem permitido fazer uma VIRAGEM completa mesmo que a minha PRÉ-VISUALIZAÇÃO dos problemas, por vezes me provoque dores no DIAFRAGMA.
Nada como ter a PROVA e saber distinguir o ORIGINAL da CÓPIA, mesmo que para isso tenha de utilizar todos os meus CONTACTOS.
Assim, tenho conseguido separar o GRÃO do feijão e acho até que a minha vida dava um FILME.
Nunca erguerei o PUNHO ou GUILHOTINAREI as ideias daqueles que me respondem, argumentando de um modo NEGATIVO ou POSITIVO e, por mais que a TEMPERATURA suba, procurarei sempre uma DILUIÇÃO dos problemas, de modo a que não se entre numa ESPIRAL que termine de um modo REDUTOR.
Tentarei EMOLDURAR e ENQUADRAR os problemas de um modo PONDERADO, pretendo causar uma boa IMPRESSÃO a todos, nunca os meterei no mesmo TANQUE e nunca utilizarei uma PRENSA para CONTRACÇÃO de ideias, sempre actuarei no sentido de as EXPANDIR.
Isso é, para mim, uma PRIORIDADE.
Não deixarei ninguém à MARGEM, utilizarei todas as BATERIAS para o conseguir tentando sempre que não haja SOBREPOSIÇÃO de interesses. Lutarei para encontrar uma SOLUÇÃO, nunca deixarei os problemas em BANHO-MARIA, nem que, para isso tenha de viver até aos 120 ou mesmo 220 anos. Colocarei um VÉU sobre todos os problemas que se apresentarem ESTOIRADOS. Depois de EXPOSTOS todos os PONTOS DE VISTA e observados todos os ÂNGULOS, irei APONTAR e DISPARAR na direcção dos menos BRILHANTES.
Se for necessário, eu mesmo irei PUXAR por todos, utilizarei uma MATRIZ que permitirá um dia ARQUIVAR tudo isso.
Para mim, nunca haverá PRETOS e BRANCOS, todos serão CINZENTOS e todas as CORES serão permitidas, todos serão ILUMINADOS, todos terão o seu BRILHO próprio.

Uma Historinha Lomográfica...

Ora bem, "Lomografia"...

Até já vem descrito na Wikipedia...não se pode ligar ao que lá vem descrito, pois é apenas para rir...

Pois bem, o que é isto de Lomografia? É uma forma brilhante de vender uns pedaços de bosta soviética a que eles chamavam, curiosa e imaginativamente - Máquinas fotográficas!

Pensando e repensando a coisa, acabei por me dedicar um pouco a filosofar sobre a bosta e cheguei a uma conclusão inesperada!

A bosta deve ser a única substância que cheira menos mal à medida que apodrece!!!!

Senão, vejamos: um pedaço de bosta fresca tem um cheiro horrível mas, umas semanas depois, já não cheira tão mal!!!!!

Ora, as Lomo são como a bosta, a mim, já não me cheiram assim tão mal...

Bom, não vim aqui apenas para falar de bosta!

As Lomo, realmente, são uma grande bosta mas, vendem-se!!!!!???!!!

Houve um "adiantado mental" que resolveu importar para a Europa, as Lomo da Ex-URSS, não sei por que carga de água o fez mas, foi o que ele fez...

Como é que se consegue vender um pedaço de bosta com lentes de plástico?

Criando um culto em volta da bosta, pois claro! Então inventou o termo "Lomografia".
É Kitsch, é ex-soviético, é moderno, é o que está a dar para os gajos que querem ser "diferentes".

Um gajo diferente é um parvo que não tem jeito para nada, logo, embrenha-se numa cruzada em que, primeiro, se convence a si próprio de que é mesmo diferente (infelizmente, não é, é apenas parvo). Quando este objectivo é alcançado, lança-se noutra cruzada, mais enriquecedora e interactiva, a de convencer toda a gente de que, agora, é um gajo "diferente".

Para isso, é necessário um cenário a condizer:

- Compra um reposteiro preto e branco para enrolar no pescoço.

- Começa a treinar uma forma de andar "diferente", levantando os calcanhares mais do que o necessário, avançando em movimento ondulatório, acompanhado pelos ombros levantados quase à altura das orelhas, o que tem um efeito imediato, mesmo no observador menos atento, convenhamos...é diferente...
tem ainda a vantagem de ficar apenas com a ponta dos dedos de fora das mangas, o que, também é diferente...e moderno.

- Arranja uma namorada com saias compridas, até aos calcanhares, para se poderem apreciar as botas de infantaria, sempre elegantes e que emprestam a um pé um toque bastante feminino. Ela terá de ter patilhas, não poderá rapar nem os pelos das pernas nem os das axilas e muito menos os das partes fudengas...há que ser diferente...ela ainda terá de andar sempre com os olhos semi-cerrados.

- O gajo compra um bornal de carteiro na feira da ladra, para guardar os cigarros de enrolar e a Lomo, pois claro. Um gajo diferente não pode usar um saco da Billingham e muito menos uma mochila da Lowepro, um gajo tem de ser diferente, man!

- Inscreve-se na lista de candidatos a uma Lomo.

- Recebe a Lomo...com o kit de fita adesiva preta, destinada a tapar as entradas de luz, que o controle de qualidade russo deixa propositadamente passar, são ordens superiores...há que ser "diferente".

- Monta um altar em casa, onde deposita o manual de "instruções" da Lomo, o estojo, feito em material radioactivo reciclado em Chernobyl e a fita adesiva preta que não irá usar, pois uma Lomo é uma Lomo e essa merda das máquinas japonesas e alemãs, todas paneleirinhas, que só deixam entrar luz pela lente, não tá com nada!

- Espeta-lhe com um rolo negativo de cores e fotografa meio gato da vizinha, uma pega do caixote do lixo, um rolo de papel higiénico, um pacote de fraldas do irmãozinho, o taximetro do 190 D, a caminho do Cais do Sodré, uma pedra solta na calçada, 1/3 de sinal de estacionamento proibido, a lampada de neon no tecto da cozinha, um pedaço de jornal ainda com algumas escamas, cascas de tangerina em cima da bancada da cozinha...enfim, imagens que há muito andavam a marinar na parte superior do reposteiro...

- Vai mandar revelar o rolo, e manda fazer dez-quinzes, rezando para que tenha entrado luz na máquina....

- Meia hora de sofrimento atroz....a namorada torce, com ele...e sofre, como ele...os olhos dela nunca estiveram tão semi-cerrados…

- Finalmente, entregam-lhe o envelope, com os dez-quinzes, ele pega no envelope encosta-o ao peito e, de olhos fechados e cara amarfanhada, levanta a cabeça em direcção ao céu...

- Depois, respira fundo e decide abrir o envelope...

- Começa a ver as fotografias e a sua expressão torna-se muito séria, as fotografias estão esverdeadas, têm manchas alaranjadas, entrou luz na camera, além disso, estão todas desfocadas e algumas, até estão tremidas...

- Começa a chorar...sem conseguir conter a emoção...

- A namorada está sem palavras...põe-lhe os braços em volta do pescoço e diz que ama as fotografias e que pretende viver com ele para sempre (estas gajas têm olho e sabem muito bem que a vidinha lhes correrá bem se estiverem amancebadas com um génio!)

- No dia seguinte, candidata-se ao prémio BES e, obviamente...ganha!

...é um gajo diferente...


1 abraço,

NSD

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A Batuta do Maestro

Aqui vai este "poema", que é a minha estreia como "Poeta"....




A Batuta do Maestro


A Liberdade de Imprensa
Foi entalada numa prensa,
O Capital está coiso e tal,
A Economia...agora, mia,
A Bolsa não desembolsa,
A Saúde falha amiúde,
A Justiça é uma piça,
As Finanças não dão esperanças,
A Educação é uma desilusão,
A Política está raquítica,
A Revolução, já sem tesão,
O Trabalho foi pró caralho,
Os Ministros são sinistros,
A Soberania tem anemia,
A Cultura está com soltura,
O Parlamento é um lamento,
A Defesa anda tesa,
Os Sindicatos são caricatos,
Os Partidos estão divididos,
À República só resta uma súplica,
A Nação está uma confusão,
A Religião já não dá vazão,
O Futebol, também não,
A Televisão é só distracção,
Os Jornais têm porcarias a mais,
O Ordenamento do Território,
É tão negro como um velório,
O Sul parece Istambul,
No Centro não cabe um coentro
E o Norte não teve melhor sorte,
No Litoral vive-se mal,
No Interior sente-se o estertor,
Na Cidade reina a maldade
Na Aldeia pede-se a panaceia
O Continente está descontente
As Ilhas já não são maravilhas
Este País é um triste Fado
Deveras Desafinado
Dançando Desengonçado
Conduzido p’la Batuta
De um Maestro filho da Puta…